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Viajar? A culpa é dos mosquitos

 

“Se você pensa que a aventura é perigosa, eu sugiro que você experimente a rotina…É mortal” – Paulo Coelho

 

 

 

 

 

 

 

 

A rotina é uma mais valia para a nossa saúde até certo ponto, calma!

Num post anterior já falámos sobre a importância da consistência, e nela está incluída a rotina. Nesta frase de Paulo Coelho a rotina é olhada como a repetição dos dias monótonos, sem algo que te dê “genica”, com movimentos repetidos durante horas a fio como milhares de cliques em que a única parte do teu corpo que tem algum movimento é o teu pulso. Rotina que não te traz nada de novo, que te deixa de ombros descaídos e olhos cansados.

 

 

Imagina viver 30 anos na mesma cidade, com as mesmas pessoas, a mesma língua, a mesma forma de comer, a mesma forma de estar à mesa, ou até a mesma forma de usar a casa de banho (sim, o conceito de WC é muito subjetivo entre países).

Seriam 30 anos de descoberta pessoal e aventura? Claro que sim! Crescer por si já é uma enorme missão. Mas seria um crescimento com uma mente e coração muito mais fechados em comparação a quem viaja, descobre novas culturas e sanitas (ou a falta delas)!

 

Talvez seja por ser portuguesa, por ser parte da matilha de exploradores e navegadores, só sei que desde cedo que o bichinho das viagens, do descobrir o desconhecido se começou a manifestar e decidi investigar.

Aparentemente, a causa para esta inquietude aventureira pode estar mesmo nos nossos genes! Segundo vários estudos, os mosquitos da fruta podem-nos dizer muito sobre esta característica do ser humano. 

Também os mosquitos se diferenciam entre aqueles que querem ficar na sua zona de conforto a comer laranjas e maçãs, e os que voam para território desconhecido prontos a saborear papais e pitaias. É o gene PRKG 1 que influencia como os seres humanos exploram o mundo, e os nossos antepassados deviam estar cheinhos dele. 

As minhas asas levantaram voo em Março 2018 até Calais, em França, onde procurei a melhor fruta até Dezembro 2019. Cheguei lá com um “Bonjour” e saí com um dicionário pronto para conversa de café ou de rotina numa associação humanitária. C’était vraiment cool!

 

 

É difícil escolher a melhor parte desta aventura…

… aprender a falar francês?

… conhecer centenas de pessoas de dezenas de países?

… fazer atividades que nunca pensei fazer?

… aprender a comer sem talheres?

… dançar, rir e chorar diariamente como uma criança?

… conhecer seres humanos heroicamente resilientes?

… fazer um trabalho que me deixava de coração e alma cheios?

… aprender palavras em Tigrinya, Árabe, Pashto?

… trabalhar debaixo de chuva e trovoada de pés ensopados, mas com um sorriso genuíno?

… dar um novo valor a um abraço?

… cozinhar para 60 pessoas num fogão de campismo?

Com uma aventura de mais de um ano e meio, é impossível escolher os melhores momentos, mas é fácil contar como esta viagem me mudou:

1 . Uma casa em cada canto do mundo

Se há algo que se ganha depois de fazer amizades com estrangeiros, é uma casa fora de Portugal. Chamem-me Mrs. Worldwide, a nova concorrência do Pitbull. Paris, Londres, Nova Iorque, Massawa, Bordéus, Madrid, é só marcar bilhete, preparar os pastéis de nata, a ginga, e embarcar!

 

  1. Novas perspetivas

É f* quando se tem de ir trabalhar e o carro não pega não é? Mas acredita, o teu nível de frustração diminui bastante quando conheces realidades que são completamente o oposto da tua. Realidades do 3º mundo, com muita miséria, discriminação, sofrimento, poucos bens materiais e muito mais resiliência. Claro que continuo a libertar uns palavrões quando m* acontece, mas é diferente.

 

 

  1. Um mundo de soft skills
    Para perceberes melhor as soft skills de que falo deixo-te um vídeo para veres primeiro.

 

 

Coordenar um grupo de voluntários em primeira linha de apoio humanitário. Lidar com pessoas desesperadas por comida e conforto. Comunicar sem língua comum. Enfrentar o trabalho sob neve ou brisa do Saara. Ouvir histórias de quem perdeu tudo. Resiliência. Gestão de tempo. Gestão de equipas. Proatividade. Adaptação rápida. Liderança. Empatia. Inteligência emocional. O que não faltaram foram situações desafiantes e muito desenvolvimento pessoal.

 

  1. Criar um impacto positivo

Viajar é bom, mas viajar, entrar numa comunidade, formar laços e em conjunto lutar por uma pequena mudança no mundo é melhor. Esta é a minha opinião por experiência própria. Por mais propostas de viagens para destinos com praias paradisíacas, irei sempre escolher uma viagem que tenha um impacto maior.

 

 

5. Novas línguas

Marhaba! Kamey, tsubuku? Manana!

Se nunca estiveste numa conversa com 5 línguas ou mais ao mesmo tempo aconselho-te a experimentar. Um total brain freeze, mas temporário. É como fazer exercício. Ao início só fazes 10 flexões, depois já arrasas nas 100! A bagagem de palavras que levas contigo depois de viveres fora com pessoas de vários países vai deixar o teu cérebro bem tonificado.

  1. Sabores e cultura

Uma cultura também se cheira e saboreia. A comida é o melhor elo de ligação entre pessoas e culturas. Conheci sabores e pratos que nunca em Portugal ouvi falar, aprendi a comer arroz (da forma correta) com as mãos e um estufado com um crepe, e o picante… primeiro estranha-se, depois entranha-se! 

  1. Autoconhecimento

É através de experiências que conseguimos perceber de que somos feitos. Principalmente depois do secundário ou universidade é normal uma sensação de incerteza, dúvida e insegurança em relação ao futuro. Ir para fora ajudou-me a perceber quais são os meus verdadeiros limites e não aqueles em que me fizeram acreditar, que os estereótipos de carreira e vida apenas não passam disso, que se trabalhar os sonhos são tangíveis, e que estar em constante mutação é normal. Afinal, somos feitos de células.

 

 

Se foi uma experiência difícil? Foi. Se voltava a repetir? Sem pensar duas vezes. O bichinho continua e enquanto houver um mundo por explorar, oportunidades para viajar, e histórias por contar, vou sempre procurar as papaias e pitaias.

Se queres descobrir mais sobre as associações onde fiz voluntariado podes visitar:

Care4Calais

Refugee Youth Service

Salam Nord Pas de Calais

Refugee Community Kitchen 

Sécours Catholique Calais

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