Não! Não vou falar da péssima adaptação americanizada feita em 2017,
mas sim do filme de anime escrito por Shirow Masamune e realizado por Mamoru Oshii em 1995. Esta obra prima japonesa é uma meditação sobre a consciência e a filosofia do eu.
Major Motoko Kusanagi é um cérebro dentro de um corpo fabricado, o “fantasma” dentro da “concha”. Ela faz parte de uma força-especial de anti-ciberterrorismo conhecida como Secção 9.
Ela questiona quem é, quem era, e o que significa ser humano.
Se o nosso cérbero fosse capacitado por tecnologia será que nos continuávamos nós próprios?
Ela sente-se constrangida pelo seu eu ciborgue e sonha com algo mais.
Entretanto, um hacker conhecido como o “Puppet Master”, que foi desenhado como uma ferramenta governamental, tornou-se independente e está a sequestrar o cérebro das pessoas, implantando memórias falsas.
No final acaba com um twist filosófico extraordinário que nos faz ficar a pensar durante vários dias. (Pelo menos a mim 😉 )
Um argumento fantástico e complexo que é impossível ficar satisfeito de ver uma vez só, na minha ótica parece um futuro de todo muito realista, onde o acesso à informação se torna direto à nossa consciência para atingir a expansão da mente ao infinito.
Com diálogos que até hoje não me saem da cabeça e que vou partilhar alguns convosco:
“Tudo muda num ambiente dinâmico. O teu esforço para continuares a ser o que és é o que te limita.”
“Podes oferecer-me provas da tua existência? Como, se nem a ciência moderna nem a filosofia podem explicar o que é a vida?”
“Também pode ser argumentado que o ADN não é mais do que um programa desenvolvido para se preservar.”
“O homem é um indivíduo apenas por causa da sua memória intangível. Mas a memória não pode ser definida, mas define a humanidade.”
“Acho que quando se começa a duvidar, não há fim para tal.”
“E se um cérebro cibernético pudesse criar o seu próprio fantasma, criar uma alma por ele próprio? E se o fizesse, qual seria a importância do ser humano?”
“… Sou consciente e sou capaz de reconhecer a minha própria existência, mas no meu estado atual ainda estou incompleto. Faltam-me os processos mais básicos inerentes a todos os organismos vivos: a reprodução e a morte.”
Para além disto a parte gráfica do filme é de outro mundo, com cenas de ação onde nunca se perde o foco e tudo o que acontece parece ter uma preocupação detalhada para impressionar mesmo sendo um anime.
Também este filme de 1995 calculo que tenha muita influência em filmes como “Matrix”, “Ex-Machima”, “Avatar” e muitos outros.
Um filme que já vi mais de 20 vezes e que não me importo de ver mais 20, pois parece um museu do futuro.
Para finalizar, a banda sonora é também merecedora de atenção.
Desfrutem!