Sun Yuan e Peng Yu são ambos artistas chineses formados em pintura a óleo na Academia Central de Belas Artes de Pequim.
Ambos os artistas se destacaram individualmente nos anos 90, criando a sua parceria colaborativa no ano 2000.
Esta dupla de artista é conhecida a nível internacional, tendo tido diversas exposições em diferentes países como Itália, França, Alemanha, Suíça, Austrália, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, entre outros.
As obras de Sun Yuan e Peng são conhecidas por não serem convencionais e instigar poderosas reações físicas e psicológicas ao espectador. Estes artistas incorporam materiais orgânicos nas suas práticas, com o fim de desafiar sistemas políticos e autoridade social, e criticar a sociedade em geral.
São inúmeras as exposições que estes artistas já participaram, contudo existe uma em especial que tem vindo a receber destaque nos últimos tempos, a obra em questão, é designada por “Can’t help myself”.
Esta obra foi inicialmente pensada pelos autores como representação da violência e autonomia em zonas de fronteiras, porém o público têm vindo a dar-lhe diferentes significados. A obra de arte consiste numa máquina enclausurada dentro de um cubículo de paredes de acrílico. É constituída por um braço robótico semelhante ao que é normalmente utilizado em indústrias de fabrico de automóveis, contudo modificado para ter apenas uma tarefa: varrer um líquido vermelho e viscoso, muito parecido com o sangue para perto de si.
Tarefa esta, que parece ser simples mas que não tem fim, pois o fluido continua a espalhar-se vezes sem conta e a máquina continua a trabalhar infinitamente. A sensação de trabalho sem fim é ampliada pelo facto de o cubículo se assemelhar a um escritório, sem porta, sem saída.
A tarefa é só interrompida quando o robot reconhece que existe audiência por perto, através dos sensores de reconhecimento visual instalados na sala. Quando os visitantes se aproximam da sala, o robot inicia uma série de movimentos como acenar, dançar entre outras interações, dando-lhe um caráter assustadoramente humano que cria certa empatia com o público, que deseja de alguma forma ajudar o pobre robot.
“Can’t help myself”, possui diferentes significados pelo facto de esta máquina ter denegrido ao longo do tempo. No início a máquina movia-se de maneira quase feliz para limpar rapidamente o líquido vermelho, mas em 2019, a máquina começou a enferrujar, o que fez com que a máquina se movesse mais devagar e parecesse mais cansada aos olhos do público. Esta mudança dá uma certa personificação à máquina, dando a sensação que esta está lentamente a desistir à medida que continua a trabalhar.
Sun Yuan e Peng Yu têm outras obras de arte, como “Teenager, teenager”, que representa metaforicamente como a cabeça das pessoas começa a transformar-se num fóssil à medida que o tempo passa, existem menos ideias, menos liberdade de expressão e menos vida. Enquanto que os jovens conseguem ter alguma visão do mundo, embora esta seja por entre o buraco de uma caixa de cartão.
Todas as obras destes artistas são interessantes pelas diversas interpretações que podemos retirar e no fundo a arte é isto – é conseguir transmitir uma mensagem e esta ter algum impacto para quem a recebe, seja esta da maneira que for, é conseguir com que o público sinta algo ao ver uma obra de arte.